quinta-feira, 24 de maio de 2012

Moda no Renascimento

O período renascentista remete-nos para valores como os do período da Grécia e de Roma, preocupações mais humanísticas, centradas principalmente no Homem, ganhando assim uma importância mais acentuada as teorias antropocêntricas, num período caracterizado pela mudança, pela inovação mas principalmente pela busca do conhecimento.

A origem deste “movimento” deu-se na península da Itália, mais especificamente em Florença, a cidade do renascimento, contudo todos estes ideais e conceitos próprios foram rapidamente difundidos por toda a Europa, dando-se assim o inicio de uma época tão importante para o evoluir da ciência e do pensamento humano.

Numa vertente mais económica, o comercio e as industrias continuava num bom caminho expandindo-se cada vez mais, no campo da religião por sua vez o cristianismo passava por uma crise, os protestante ameaçavam abalar as fundações desta e ganhavam agora um numero cada vez maior de apoiantes. Ao nível cultural podemos nos referir ao aparecimento dos mecenas, que eram homens ricos que tomavam como seus protegidos artistas, cientistas e homens de letras, proporcionando-lhes os recursos financeiros necessários para prosseguirem com o seu trabalho, valorizando a humanidade no seu todo e o talento dos indivíduos em particular... todas estas características no seu conjunto ajudam-nos a perceber o contexto histórico deste período tão próprio e tão inovador que foi o Renascimento.

Na moda as alterações também foram significativas, verificando-se uma mudança acentuada na tentativa de acompanhar todo o processo de modernização

Como já referimos anteriormente as cortes europeias passam por um processo de criação de uma identidade própria, característica no seu todo de cada país, que nos permitia reconhecer a moda de cada uma delas. As cortes que mais influenciavam a moda num primeiro momento, eram especificamente as italianas, mas com o desenvolvimento e as mudanças neste sector as cortes alemãs, francesas e inglesas adquiriram uma maior importância.

Moda masculina--> as vestes mais características desta época no que toca ao sector masculino foi o gibão, que podia ou não dispor de mangas, ou uma túnica simples aberta à frente. Na parte de baixo estes utilizavam um tipo de calções, que começaram por ser bastante longos mas que ao longo dos tempos foram encurtando, usando também meias mais coloridas do que o habitual para épocas anteriores.

No calçado masculino era frequente os sapatos de bico um pouco achatado e bastante largo, proporcionando uma sensação bem mais agradável do que os anteriores modelos pontiagudos e desconfortáveis.

Na Moda geral era frequente o uso de decotes muito acentuados, não só no sexo feminino mas também no masculino, surgindo também associado a estes o rufo ( uma espécie de gola, constituída por uma grande roda em tecido, geralmente branco e ornamentado por rendas). Estes eram símbolos específicos da grandiosidade, do luxo e principalmente do prestigio social, da elevada estirpe a que pertenciam.

A moda na Época Medieval

As características das vestimentas da época Medieval surgiram graças à influência das cruzadas.
Poucas pessoas podiam-se dar ao luxo de se vestirem com elegância, já que a sociedade estava estratificada em ordens onde o que contava era o poder económico.
As formas rectangulares dos períodos anteriores evoluíram, tornando-se mais modeladas ao corpo.

No século XI as classes baixas usavam Greguescos (calções largos), Saios (espécie de vestido sem botões que chegava ao joelho) e capas com capuz. As classes altas usavam túnicas até ao pescoço e apertadas na cintura, Gloneles (espécie de vestido com mangas largas) e xailes que cobriam e protegiam as costas. Calçavam Bozerguins (espécie de botas), sapatos fechados bicudos e Polainas, nome que se dava às meias da época. Por norma os homens utilizavam o cabelo encaracolado e a barba curta.
As mulheres usavam vestidos justos ao corpo, com pequenos decotes e ornamentados com jóias em ouro na cintura. Os penteados eram feitos geralmente de risco ao meio e algumas mulheres utilizavam tranças.
Todas as roupas eram feitas à mão, com algodão, peles ou couro, por artesãos.

No século XII os artesãos organizaram-se em corporações de nome guildas.
As túnicas utilizadas no século anterior tornaram-se mais pequenas, chegando agora até ao joelho e com mangas largas e as capas passaram a ser fechadas apenas com aberturas para os braços. Por baixo das túnicas os homens vestiam calções soltos e vários tipos de coberturas para as pernas como os Pelotes que eram forrados de peles ou seda. Os penteados eram pouco variados, levando os homens a usar sobretudo o cabelo curto e chapéus para distinguir a ordem social.
As mulheres utilizavam túnicas de tecido fino, com mangas afuniladas que estreitavam perto do pulso e eram acompanhadas por mantos ou véus que cobriam a cabeça. O penteado feminino era semelhante ao do século anterior.

No século XIII os homens usavam vestidos lisos com formas irregulares e as túnicas passaram a ser cobertas nas costas e continham mangas justas. Debaixo das túnicas vestiam o Brial (antiga roupa interior que chegava até aos joelhos, segura por alfinetes). As calças eram normalmente elaboradas com tecidos às riscas e com cores fortes. Utilizavam cabelos encaracolados caídos sobre as orelhas. Calçavam sapatos ou botas de pontas pontiagudas.
As mulheres vestiam túnicas largas em lã, com mangas curtas, largas até ao cotovelo e que iam estreitando até às mãos. Amarravam o cabelo tapando-o com tecido bordado ou rede lateral, formando caracóis sobre as orelhas.

No século XIV a roupa verificou algumas diferenças em relação ao século anterior. Os vestidos modificaram-se passando de justos a mais proporcionais e volumosos, começaram a utilizar-se camisas que cobriam desde o ombro até à cintura e Cerolas, agora mais compridas e justas. Os penteados voltaram a ser aparados e curtos e os homens utilizavam frequentemente barba e Capirotes (barrete em forma de crista). O sapato era feito de pele de bode ou cabra, ou então sapato marroquino que cobria a perna desde o peito do pé até ao joelho.

A moda no Século XX (1970 - 1990)

Foi nos anos 60 que a juventude marcou a sua posição e intervenção na moda. Esta situação foi provocada por alterações económicas, políticas e sociais. Porém, foi a musica a principal libertadora das mentalidades jovens, reprimidas durante muito tempo. Estes foram anos de diversão e de uma constante busca de identidade.
A década de 70 ficou marcada pela diversidade de formas e de estilos. Os jovens lutaram pelos seus ideais, tendo surgido neste contexto duas correntes de moda jovem:
• O psicodelismo: saias curtas, extravagantes, coloridas e chamativas;
• O hippie: saias longas e estilo indiano.
Esta geração procurou a tranquilidade com o regresso à natureza e com a utilização de materiais simples como o algodão e a lã. Fazia furor o “retro”.
A inconformidade com o mundo de conflitos e ambições levou os jovens a olhar para o Oriente, especialmente para a Índia e para a religião Hindu. Numerosos artistas, como os Beatles e Jane Fonda, profetizaram este culto e expandiram-no pelo Ocidente, de cuja experiência se extraiu todo o movimento social – Flower Power Hippie.

Assentes na cidade estudantil de São Francisco, os jovens viviam em comunas, consumiam comida macrobiótica e fumavam marijuana sem restrições. Devido a esta forma de vida nasceram os clássicos “patas de elefante”, as camisas hindus, o cabelo comprido e um ideal pacifista, cujo principal centro de ataque era a Guerra do Vietname e o governo norte-americano.
As flores, símbolo da época, usavam-se nas roupas, no cabelo e representavam a ideologia ilusória que os guiava na chamada “Revolução das Flores”.

A todas estas mudanças juntou-se a crescente popularidade do feminismo, o que implicou uma marcada masculinização das roupas, pois as mulheres procuravam a comodidade em vez da beleza, nascendo, assim, a roupa unisexo. O cabelo também não era símbolo de distinção (de costas muitos homens pareciam mulheres de cabelos compridos). Como em todas as épocas, uma parte do corpo feminino chamava à atenção sobre o restante e os trajes ocupavam-se de realçá-la. Nesta época destacavam-se as calças muito justas, realçando as nádegas. O ser extremamente magro, sem peito nem ancas eram a herança deixada pelo culto da beleza anoréctica, cujo expoente máximo foi a modelo inglesa Twiggy.

Com o fim da década chegaram os brilhos e as festas da “Febre de Sábado à Noite” que transportaram a vida da sociedade também para a noite. A diversão, a música com certos toques electrónicos, as discotecas e as luzes psicadélicas fizeram da moda uma festa. A licra ganhou importância relativamente ao algodão e começou a moda das botas e sapatos de tacão do tipo sueco, exageradamente altos. A sensibilidade da maquilhagem e o cabelo liso e solto transformaram-se numa produção multicolor e numa mistura de estilos e formas mais complexas e espampanantes. O cabelo encaracolado e volumoso moldado com rolos e lacas guiavam a estética. Proveniente deste estilo, nasceu uma corrente que fundiu todas as cores, que marcou o início dos anos 80, quando o “Punk” invadiu as ruas da Grã-Bretanha. Representantes do anarquismo na sua proposta estética e musical, romperam com a moda “politicamente” correcta e começaram a transmitir artigos e penteados com significado marcadamente violento e antidemocrático.

Nesta época tudo era grande (penteados volumosos, jóias grandes, chapéus grandes) e caríssimo. Surgem as cores fortes, os estampados, os chapéus gigantes e a sobreposição de roupas rodeadas por um cinto. Tudo isto levou a moda ao excesso tendo sido este o seu pior momento histórico.

O idealismo de anos anteriores é abandonado e surge o neo-conservadorismo que marcou o regresso dos trajes clássicos. Foi a época do “ Flash”.
Michael Jackson causou furor com os casacos vermelhos.

A chamativa sensualidade de Madonna criou uma devoção pelos crucifixos.

A princesa Diana, no maior casamento da década, criou um novo interesse no estilo romântico.

Nas reuniões de mulheres, dominava o poder com os seus amplos chapéus, cinturas pequenas e altos tacões que tinham como objectivo mostrar a agressividade feminina.
O traje Chanel, revivido pela primeira-dama Nancy Reagan, ilustra a imagem ideal, conservadora e chique, da mulher executiva. Na mesma altura os jeans começaram a ser mais comuns, sendo fabricados por desenhadores que lhes deram outro nível e estatura na moda.

As braceletes de couro, pulseiras de cristal, o estilo punk, o breakdance, os sapatos Vans, os chapéus e o look Miami Vice formavam o essencial da moda nesta época, procurando-se um estilo próprio.

O início da década de 90 continuou com um estilo semelhante ao dos anos 80, onde se continuou a utilizar a maquilhagem carregada e grandes penteados.

Só no ano de 1993 estas tendências alteraram-se, com o surgir da banda Nirvana que influenciou os jovens desta época com a forma como se vestiam. Alteraram dramaticamente a moda juvenil, com o que chamamos “grande look” caracterizado por sweaters largas de flanela e calças rotas. Os jovens rapidamente adoptaram as roupas baratas e em segunda mão com o objectivo de se vestirem como os Nirvana.
No ano de 1995, depois do êxito que causou a sério “Friends”, ficou na moda o famoso corte de cabelo da Rachel (Jennifer Aniston).
Em 1998 e 1999 utilizava-se os ganchos de borboletas utilizados pelas mulheres de todas as idades e classes.

As Levis passaram a ser a marca mais reconhecida no mercado.
O “grande look” baseava-se na modificação do corpo com piercings e tatuagens. A moda foi-se aperfeiçoando à medida que a década evoluía. O minúsculo top que tinha aparecido na década de 70 começou a ser vendido novamente como roupa interior no vestuário feminino.

A moda no Século XX (1930 - 1970)

Após a crise de 1929, devido ao crash da bolsa de Nova Iorque, um desejo crescente de glamour e ostentação instalou-se no subconsciente colectivo o que resultou numa moda cheia de cetim, veludo, jóias, peles e chapéus na década de 30. As saias nesta época eram amplas e compridas num ambiente muito romântico. Porém a 2ª Guerra Mundial veio transformar, novamente, as tendências.

Com a 2ª Guerra Mundial as mulheres sofreram limitações horríveis e tiveram de substituir os homens no mercado de trabalho.
Assim, instaurou-se uma moda mais funcional onde se usavam roupas de estilo militar e saias mais curtas e rectas com tecidos muito simples devido à pobreza no continente.

Em 1945, com o fim da guerra, tentou-se novamente trazer para a sociedade a luminosidade de glamour dos tempos passados. Em 1947 surgiu o New Look, que imperou por toda a época de 50, e consistia numa cintura bem marcada e em saias extremamente rodadas até perto da canela, estilo Marilyn Monroe. Em oposição a esta elegância surgiu a “moda estudantil” mais desportiva e cómoda. A banda britânica Beatles criou uma moda particular de botas pontiagudas e altas que causaram uma grande revolução social.

A década de 1960 exigiu a sua própria moda, por isso a hegemonia da houte-couture e do padrão de beleza mais maduro foram derrubados pelo prét-a-porte e pela moda jovem. Assim, a cintura descai e os comprimentos diminuem. A desenhadora Mary Quant revolucionou por completo a indústria da moda criando a mini-saia. Este produto foi escandaloso entre os padres e os sectores mais tradicionais da sociedade.

A crescente competição entre EUA e a URSS diferenciou ainda mais a relação entre adultos e jovens, estes últimos proclamando um movimento político e social fundado na paz e no amor. Esta liberdade abriu um mundo de excessos para os jovens, possibilitando-lhes a criação de um estilo exuberante, cheio de formas e cores.

A moda na iadade moderna

A idade moderna é a época que vai do século XV ao XVIII. É a chamada "Época das Grandes Navegações", período em que a América foi descoberta e a noção de um mundo em forma de quadrado do Medievo foi abandonada...
No início da Idade Moderna, há uma preferência nas cortes européias pelo vermelho, as roupas mais refinadas levavam esta cor. O metódo de tingimento utilizava o pau-brasil, extraído em larga escala no Brasil para atender a este modismo.
Vários filmes tem figurinos inspirados pelos estilos diferenciados, que foram criados e veiculados na Idade Moderna. Podemos citar A Rainha Margot, filme francês de 1994, com Isabelle Adjani no papel título, dirigida por Patrice Chéreau: logo na primeira cena (o casamento de Margot com Henrique de Bourbon, interpretado por Daniel Auteuil) Margot está usando um modelo maravilhoso, vermelho, de cetim, com uma gola alta e larga de renda a lhe emoldurar o rosto; sua mãe, Catarina de Médicis (vivida por Virna Lisi), também usa um modelo suntuoso, ao qual não falta nem mesmo o véu. Durante o filme, vemos desfilar brocados (como no modelo magnífico, que ela usa para ir às ruas, travestida em prostituta), rendas e sedas, em modelos ora com ousados decotes, ora com golas altas, inspiradas nos retratos de Rubens, Rembrandt, Velásquez e Frans Hals.
Ambientando na mesma fase histórica (época da chamada Revolução na Cristandade), Elizabeth, filme inglês de 1998, também traz vários exemplares retirados das imagens deixadas pelos grandes mestres da pintura da época, apenas que, por ser britânico, faz alusões também a Hans Holbein, pintor oficial da corte de Henrique VIII, pai de Elizabeth. São vestidos em tecidos "encorpados" e brilhantes, em tons de vermelho,amarelo e verde, com o chamado ventre de corsa: o corpete acabando em bico na parte dianteira e a saia se abrindo volumosa para os lados. Os homens usam as calças curtas (na altura dos joelhos) e bufantes e uma espécie de "enchimento" para realçar a genitália (moda lançada na época de Henrique VIII, o qual gostaria de passar à posteridade como um rei viril). O figurino e os cenários da cena de coroação foram inspirados em uma pintura da coroação da verdadeira rainha Elizabeth I.
Também recorrendo à obra de um grande mestre do período (desta vez Vermeer) foi lançado em 2003, pelo Reino Unido e Luxemburgo, Moça com Brinco de Pérola. Desta vez, vemos não apenas as roupagens suntuosas dos aristocratas e o interior dos palácios, mas também burgueses (que se vestem com roupas que afetam a forma geral dos trajes aristocráticos, mas são feitos com material de qualidade inferior) e pessoas do povo (alheios à moda, vestindo-se ainda como na época medieval).
No final da idade moderna, temos um grande personagem histórico que marca a moda: Luix XV. Sua contribuição se dá basicamente pelo uso de salto alto, algo inovador. Nesta época também é notável a presença de perucas, babados, o estilo rococó aliado ao vestuário.
Revivendo o luxo, o requinte e o glamour de Versailles, os Estados Unidos lançaram em 2006 Maria Antonieta. Trata-se de uma alegada "biografia mais humanizada" da última rainha da França no Antigo Regime. Este filme é interessante de ser citado pois a Idade Moderna se encerra oficialmente com a Revolução Francesa de 1789, em virtude da qual Maria Antonieta perde a cabeça na guilhotina. Antes porém que sua real cabecinha vá parar em um cesto, ela desfila vários penteados extremamente altos (que a cultura lusitana costuma apelidar de ninhos de ratos), jóias e vestidos, em geral estampados, em seda ou brocado.
A partir do século XVIII, com a chamada Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, e a mudança do capitalismo comercial - mercantilismo para o Capitalismo Industrial a Moda deixa o seu caráter artístico/artesanal de lado e passa a ser também inserida na rede engendrada pelo Mercado.